Variar pra agradar (6)
A repetição malandra é atrevida. Vai além dos períodos. Também aparece na passagem de um parágrafo para outro. Veja:
É um susto atrás do outro. Mães e pais se surpreendem com a língua da meninada. No telefone, usam código próprio. É um tal de tô gúdi pra cá, tá numa bad pra lá, nope pracolá. No computador, o sobressalto não é diferente: abreviaturas estranhas, palavras inventadas — tudo aos pedaços, sem começo nem fim, sem pé nem cabeça. Bicho vira bx. Você, vc. Beijo, bj. Aqui, aki. O que fazer? Nada.
Somos poliglotas na nossa língua. “Não falamos português. Falamos línguas em português”, repetia José Saramago. Gíria, internetês, estrangeirismos, norma culta convivem com harmonia. Garotos e garotas são safos. Transitam com desenvoltura em todas. Melhor: dispensam professor pra lhes dizer quando recorrer a esta ou àquela modalidade. Proibi-los de usar uma ou outra? É excluí-los. Deus castiga. Melhor
É um susto atrás do outro. Mães e pais se surpreendem com a língua da meninada. No telefone, usam código próprio. É um tal de tô gudi pra cá, tá numa bad pra lá, nope pracolá. No computador, o sobressalto não é diferente: abreviaturas estranhas, palavras inventadas — tudo aos pedaços, sem começo nem fim, sem pé nem cabeça. Bicho vira bx. Você, vc. Beijo, bj. Aqui, aki.
O que fazer? Nada. Somos poliglotas na nossa língua. “Não falamos português. Falamos línguas em português”, repetia José Saramago. Gíria, internetês, estrangeirismos, norma culta convivem com harmonia. Garotos e garotas são safos. Transitam com desenvoltura em todas. Melhor: dispensam professor pra lhes dizer quando recorrer a esta ou àquela modalidade. Proibi-los de usar uma ou outra? É excluí-los. Deus castiga.