O Enem vem aí. É hora de exibir tudo o que você aprendeu. Foram tantos anos de estudo, tantos livros lidos, tantas revistas examinadas, tantos jornais folheados, tantos sites visitados, tantos blogues vasculhados, tantos filmes vistos, tantas novelas, tantos documentários, tantas palestras, tantos bate-papos… Ufa! Assunto é o que não falta. Técnica também não. Portanto, relaxe. Mande o medo bater à porta de outra freguesia. Xô!
Existem dois tipos de textos — o literário e o não literário. Eles têm pontos comuns. Começam com letra maiúscula e terminam por ponto. A diferença reside no recheio. O primeiro está cheinho de talento. O segundo, de informação. É o caso de dissertação, carta, e-mail, provas escolares e demais redações profissionais. É o seu desafio no Enem. Como ultrapassá-lo?
Dicas
1. Prepare o corpo. Você pensa com a cabeça e escreve com as mãos.
1.1. Respire fundo. Infle a barriga. Deixe o ar lhe acariciar o umbigo. Sorria pra ele. Expire devarariiiiiiinho. Repita o exercício três vezes.
1.2. Massageie as orelhas. Sem pressa e sem pena, puxe, repuxe, torça, aperte, coce, tape, esfregue. Com a brincadeirinha, você acorda todo o corpo e, claro, fica pra lá de esperto.
2. Planeje o texto. Você vai escrever um pequeno texto, não um verbete de enciclopédia. Com tanto o que dizer, impõe-se ganhar tempo. Faça um plano. Defina o assunto, a audiência, a delimitação, o objetivo e as ideias do desenvolvimento. Depois, escreva a frase que sintetiza a tese que vai defender. Veja o exemplo:
2.1. Assunto: Olimpíadas
2.2. Audiência (a quem se destina o texto): colegas da escola
2.3. Delimitação (aspecto que vou tratar): esforço necessário para chegar lá
2.4. Objetivo (aonde quero chegar): demonstrar que competir nas Olimpíadas exige esforço, dedicação e renúncia
2.5. Ideias do desenvolvimento: esporte é habilidade, importância dos treinos, como superar os limites, não basta ser bom atleta, tem de ser melhor que os outros, exemplos, medalha não se compra nem se ganha, conquista-se.
2.6. Frase que sintetiza a tese: Competir nas Olimpíadas não é pra quem quer. É pra quem se empenha.
3. Redija. Com o plano feito, mãos à obra. Comece pelo começo. Escolha uma frase bem atraente. Pode ser uma declaração, uma citação, uma pergunta, um verso, a letra de uma música. Depois desenvolva a tese. Cada ideia num parágrafo. Por fim, conclua. Lembre-se de que a última impressão é a que fica. Pense num fecho sedutor.
4. Seja natural. Imagine que o leitor esteja à sua frente conversando com você. Fique à vontade.
5. Prefira frases curtas. Com elas, você obtém duas vantagens. Uma: facilita a vida do leitor. Ele entende rapidinho o seu recado. A outra: facilita a vida do autor, a sua. Você erra menos com vírgulas, conjunções, correlações verbais, concordâncias, regências, estrutura de períodos.
6. Use a voz ativa. Ela tem três vantagens. Uma: é mais curta. Duas: evita o verbo ser. Três: dá vivacidade ao texto. Compare: O atleta conquistou cinco medalhas (VA). Cinco medalhas foram conquistadas pelo atleta (VP).
7. Introduza perguntas diretas. Com elas, quês e sês caem fora. Quer ver? Em vez de “Gostaria de saber se Cesar Cielo ficou nervoso nas disputas”, prefira “Será que Cesar Cielo ficou nervoso nas disputas?” “Cesar Cielo terá ficado nervoso nas disputas?”
8. Confira a seu texto um toque humano. Você está escrevendo para pessoas de carne e osso — iguaizinhas a você.
9. Revise. Prove que você domina a norma culta. Observe a grafia das palavras, regências, vírgulas, colocação de pronomes, concordâncias (dobre a atenção com a passiva sintética, que aparece em frases como “vendem-se casas”).
10. Releia sua obra. O texto tem começo, meio e fim? Pega o leitor na introdução e o seduz na conclusão? As frases conversam umas com as outras? Os parágrafos também? Está certinho da silva? Então, prepare-se. Você está com um pé na universidade.