Leitor pergunta Socorro! Salve-nos! Está ficando intolerável assistir às entrevistas no rádio e na TV. É uma enxurrada de ‘eeehh’, ‘aaahh’, ‘uuunnhh’, eeehh’, ‘haaannhh’, ‘huuunnhh’ que não há mortal que suporte. Uma médica, na primeira frase, já atacava: — Eeehh… Eu acho que, aaanh, que se a medicina preventiva, eeehh, continuar, aaanh, do jeito atual, aaanh, vai… Um economista (claro!) derrama-se em: — É preciso ver, eeehh, que as ações, eeehh, do governo na área econômica, eeehhh, estão seguindo uma política, aaahh, de contenção porque, eeehhh… O que é isso? Brasilianismo? Pedantismo? Regionalismo? Pobreza de vocabulário? Só sei uma coisa: desligo o rádio e a TV nas entrevistas. Pedro Muniz, Recife A linguagem tem cinco funções. Uma delas é a fática. O palavrão dá nome a recurso que visa manter aberta a comunicação entre quem fala e quem escuta. É o caso do né?, entendeu? concorda? A pessoa nem espera a resposta. É que a pergunta não tem nenhuma mensagem importante. Por isso a resposta não importa. O objetivo é manter o ouvinte atento. Mas há os abusados. Quem aguenta? Millôr Fernandes brincou: “Devemos ser gratos aos portugueses. Se não fossem eles, estaríamos até hoje falando o tupi-guarani, língua que não entendemos.”