A última moda? É a L UT. As três letrinhas são as iniciais de Lição de UmTema. Trata-se de um grande desafio. Os profissionais da empresa devem ser capazes de explicar qualquer tarefa em um minuto. Não há discriminação. Todo assunto pode ser descrito em uma folha de papel. Entre texto e imagem, o recado deve ser dado em 60 segundos.
Os temas variam. Vão da instrução de como tirar papel embolado da impressora à técnica de manusear um equipamento. Passam pelas formas de preencher um formulário, redigir uma carta ou configurar um software. E chegam à apresentação de relatórios. Toda informação, dizem eles, pode se transformar em LUT. A tarefa não é fácil.
Exige poder de síntese, muiiiiiiiiito treino e enorme pão-durismo. É como escrever um telegrama. A gente paga por palavra. Como o bolso é a parte mais sensível do corpo, a regra número 1 é poupar palavras. A coluna dá uma ajudinha aos interessados. São pequenos macetes que ajudam a cultivar a economia verbal. Com eles, obtêm-se dois lucros. Um: respeita-se a paciência do leitor. O outro: poupa-se tempo de quem escreve e de quem lê. Não é pouco. Xô, falação!
PRIMEIRA DICA
Com a palavra, o escritor belga George Simenon: “Corto adjetivos, advérbios e todo tipo de palavra que está lá só para fazer efeito… Eis exemplos:
Como todo mundo sabe, o estudante sempre dev e tentar escrever suas redações diárias com substantivos fortes e verbos precisos.
Cruz-credo! Que desperdício! Vamos à faxina:
1. Se todo mundo sabe, não precisa dizer. Sem dizer, o texto fica assim:
2. Os psicólogos são claros. Quem tenta não faz. Para ser afirmativo, deixe o verbinho pra lá. OK. Cassado o murista, eis o resultado: O estudante sempre deve escrever suas redações diárias com substantivos fortes e verbos precisos.
3. Seguindo o conselho de Simenon, adjetivos e advérbios vão pras cucuias: O estudante deve escrev er suas redações com substantivos e verbos.
4. Dá pra economizar mais uns trocadinhos? Dá. Dita de outra forma, ganha-se um chopinho: Estudante, escreva redações com substantivos e verbos.
SEGUNDA DICA
O poeta francês Paul Valéry tem a palavra: “Entre duas palavras, escolha a mais simples; entre duas simples, escolha a mais curta.” Exemplos pululam por aí:
Só ou somente? Só. Com ela, poupam-se duas sílabas. Féretro ou caixão? Caixão. É mais simples e mais curta. Óbito ou morte? Morte. Deixe óbito para os escrivães. Eles adoram empolação.
Travar uma discussão ou discutir? Fazer uma viagem ou viajar? Fazer música ou compor? Sem comentários.
TERCEIRA DICA
Não diga nem mais nem menos do que você precisa dizer. Troque a oração adjetiva por adjetivo. O recado se mantém. Mas a poupança se multiplica: Animal que se alimenta de carne é carnívoro. Pessoa que planta café é cafeicultor. Criança que não tem educação é maleducada. Funcionário que não chega no horário é impontual.Emprego que não paga suficientemente bem é mal remunerado.
Etc. Etc. Etc.
Para chegar à L UT, há um estradão a percorrer. São jeitos de economizar tempo, dinheiro e paciência dos leitores. Vá em frente.