R$ 850 milhões

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DAD SQUARISI@@dabr.com.br

História ou ficção? Aristóteles delimita a fronteira das duas narrativas. “A história”, ensina ele, “conta o que os homens foram. A ficção, o que quiseram ser.” Ao entrar no universo de uma e outra, firma-se pacto não escrito. Na história, o autor apresenta fatos. O leitor, espectador ou telespectador acreditam que os personagens são ou foram seres de carne e osso. E os acontecimentos ocorreram assim mesmo — tim-tim por tim-tim. Em romances, novelas, teatro, cinema, o enredo é outro. Ali impera o jogo do faz de conta. O autor finge que diz a verdade. O leitor, espectador ou telespectador fingem que creem. Naquele território livre, transita-se no mundo da fantasia. Pode-se tudo. A imaginação é o limite.

Em que categoria se enquadra o programa eleitoral gratuito? A resposta não exige esforço. Dilma & cia. exibem o país das maravilhas. A Pindorama tropical humilha Suécia, Suíça e Dinamarca. Imagens mostram campos cultivados. Retratam crianças em escolas modelos. Expõem agricultores com acesso à terra. Apresentam adultos e crianças com atendimento nota 10 à saúde. Não poupam cidadãos confiantes, sem medo de assaltos, balas perdidas, violência no trânsito. Serra segue a receita. Mas se restringe a São Paulo, estado que governou.

Na fórmula do país maravilha, há um senão. Em uma semana, o programa dá bocejos. Lembra aquela história dos dois amigos que foram pro céu. No início era divertido. Mas o tempo tornou o paraíso monótono. Resultado: eles pediram ao Senhor que os mandasse pro inferno. Entre a história deles e a nossa, há uma diferença. A aventura da dupla corre por conta do cofre divino. A dos candidatos, do erário. O programa eleitoral “gratuito” custa R$ 850 milhões. O governo desembolsa a montanha de dinheiro para compensar as emissoras de rádio e tevê pela queda de arrecadação publicitária durante o período de propaganda. Em bom português: nós pagamos pra ser enganados. Ficção? Não. É fato.