Os parênteses são as grandes vítimas da escola. “Errou e não pode apagar?”, perguntam os professores. “Ponha entre parênteses.” Os pobres alunos aprendem a lição. E repetem-na ao longo da vida. Resultado: dão informações falsas, matam promoções, perdem pontos em concurso. Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. Vale mudar o enredo. Ao usar os parênteses, você dá um recado: a palavra, expressão ou oração neles contida é secundária, acessória. Entrou ali de carona. Não faz falta.
Trata-se, em geral, de uma explicação, uma circunstância incidental, uma reflexão, um comentário ou uma observação. Veja: O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defende a educação com qualidade. A maioria dos estudantes (quem diria!) sai da escola sem a habilidade de ler e escrever. As últimas eleições (2014) deixaram de fora nomes tradicionais da política — Eduardo Suplicy e Pedro Simon. Recife (ou o Recife) é palco de um dos melhores carnavais do país.
Olho na pontuação
O ponto vai fora quando a expressão encerrada nos parênteses for um pedaço da oração: Nomes tradicionais da política (Eduardo Suplicy e Pedro Simon) se despedem do Senado. Ameaça o abastecimento de água a morte criminosa de rios (muitos transformados em lixeiras).
O ponto vai dentro quando os parênteses englobam toda a oração: As jovens do século 21 perseguem os namorados até concretizar o romance. (Vão em cima com tudo sem se importar se ele quer ou não.) As pessoas obsessivas fazem qualquer coisa para obter o que desejam. (Elas não sabem perder.)