A pergunta é quase quarentona. Em 1976, o Brasil estava mergulhado na ditadura militar. Francelino Pereira, presidente do partido que ocupava o poder, anunciou que o general Geisel ia promover a abertura política. Ninguém lhe deu bola. “Que país é este?”, perguntou diante da reação dos incrédulos. Ops! A frase pegou.
“Que país é este?”, cantou Renato Russo no mesmo ano. Há quatro meses, Renato Duque a relembrou ao ser preso pela Polícia Federal. Mas trocou as letras. “Que país é esse?”, indagou. A questão do ex-diretor da Petrobras deu nome à 10ª etapa da Operação Lava-Jato. Mas não ficou por aí. Acendeu a dúvida na cabeça dos brasileiros. Este ou esse?
O xis da questão
Este, esse e aquele são pronomes demonstrativos. Eles dão nó nos miolos porque têm três empregos. Um: indicam situação no espaço. Outro: indicam situação no tempo. O último: indicam situação no texto. Pra entendê-los, lembre-se das pessoas do discurso. Discurso, no caso, não tem nada a ver com comício ou falação de político. Discurso significa conversa. As pessoas do discurso são as que tomam parte em diálogo.
Num bate-papo, são necessárias três pessoas. Uma fala (1ª). Outra escuta (2ª). A última é o assunto, sobre o que se fala (3ª). Imagine que Rafael telefone para João e lhe pergunte se foi ao cinema. No caso, Rafael fala. É a 1ª pessoa. João escuta. É a 2ª. Do que eles falam? Da ida ao cinema. É a 3ª.