Propriedade vocabular

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“Sai da frente, que atrás vêm rodas”, dizem motoristas sem juízo. Eles transformaram o volante em arma. Enchem a cara de álcool ou droga e pisam o acelerador. Resultado: de cada 100 mortos no país, 25 perderam a vida em batidas e atropelamentos. Muitos pedem penas mais duras para os irresponsáveis. Pedem passagem, então, dois tipos de crime — o doloso e o culposo.

O doloso ocorre quando a pessoa resolve praticar ato violento ou assume o risco de produzi-lo. Valem exemplos dos dois casos. No primeiro, alguém discute com outro alguém. No auge do bate-boca, dispara tiro de revólver contra o interlocutor. Quer matá-lo. No segundo, alguém dispara um tiro em meio à multidão para comemorar a vitória do time. Atinge um adulto ou uma criança. Ele não queria agredir ninguém. Mas sabia que um disparo em meio à multidão poderia ferir ou matar.

O culposo ocupa outro patamar. É fruto da imprudência, imperícia ou negligência. Exemplos pululam a torto e a direito. Um: o médico vai operar uma pessoa que tem um tumor no rim esquerdo. Mas opera o direito. Ele não examinou o enfermo. Foi negligente. Outro: o cirurgião plástico deixa o pobre cliente com a boca torta, o nariz descentrado e os olhos fechadinhos. É imperícia. Em bom português: barbeiragem.