Praga nova na praça

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  Há nova praga na praça. Trata-se do a partir de. Com ousadia crescente, o trio rouba o lugar de preposições, advérbios e locuções. Professores, jornalistas, advogados & companhia ilimitada caem na esparrela. Em redações, artigos, reportagens, sobram frases como estas: “Levantamento feito a partir de dados do SUS mostra que as quedas são a principal razão para crianças pararem no hospital”. “A partir da leitura do texto, faça as questões propostas.” “A partir da sentença do juiz, cabe ao advogado o direito subjetivo de apelar para a instância superior”.
  Viu? A partir de virou muleta. Inadequado, torna as relações imprecisas. Melhor deixar a preguiça pra lá e devolver a César o que é de César: Levantamento feito pelo SUS mostra que as quedas são a principal razão para crianças pararem no hospital. Com base na leitura do texto, faça as questões propostas. Depois da sentença do juiz, cabe ao advogado o direito subjetivo de apelar para a instância superior.
  A vez do trio
  A partir de nunca tem vez? Claro que tem. O trio quer dizer a começar em: A partir de março, o brasileiro pagará mais caro pela passagem de ônibus. A partir de R$ 20, o desconto será de 30%. Poderemos comprar carros com desconto a partir de 28 de fevereiro.
  Não bobeie. Se a partir de significa a começar em, o verbo começar não tem vez com as três palavrinhas. É pleonasmo dizer “a partir de março começam a rodar os novos trens do metrô”. Pra evitar a redundância, impõe-se ficar com uma forma ou outra: Em março, começam a rodar os novos trens do metrô. A partir de março, os novos trens do metrô vão rodar. 
 
 
 
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