Querida Dad,
Um poeta cordelista do meu Piauí me enviou exemplar da revista Repente, que ele edita, destinada à divulgação das atividades da Fundação Nordestina de Cordel – FUNCOR. Lá pelas tantas da leitura dei com uns versinhos de Pedro Costa. Sei que vai gostar de conhecer. São eles:
“Não sou intelectual
Apenas um cantador
Que adoro fazer versos
Exerço com muito amor.
Sei brincar com as palavras
Como faz o professor
(…)
Quem fala rúbrica na prática
Feia a palavra fica
É um erro coloquial
Porque a pronúncia indica
Certo escrever e falar
Corretamente é rubrica
Circuíto não se explica
Certo é dizer circuito
Fortuíto é outro erro
Correto é dizer fortuito
Gratuíto nunca diga
Certo é dizer gratuito.
Cantando formo um circuito
Aprimorando o estudo
Dizer uma palavra errada
Muito melhor ficar mudo
A todos que estão na sala
Neste momento eu saúdo
Nunca sabemos de tudo
Tenho cuidado ao falar,
Estrupo não pronuncio
Pra língua não me linchar
O certo é dizer estupro
Pra ninguém me estuprar.
Não psso pronunciar
Istado em vez de estado
Monoco em lugar de Mônaco.
Peco se disser frustado,
adivogado não existe,
O certo é advogado
Na rima se rima errado
se rimar show com vocô
Rimar maior com vovó
E rimar flor com pornô.
O acento na última sílaba
de coco fica cocô
Já dizia o meu avô
Não rime fel com chapéu
E nem hora com história
Não rime cordel com céu
Também muito com conjunto
E nem papel com troféu
Pra garantir meu troféu
Cumpri rigorosa a meta,
Dentro da sala de aula
Numa linguagem correta
Peço que desculpem as falhas
Deste seu humilde poeta”
Paulo José Cunha