DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@@dabr.com.br
Sobram desculpas pra não votar. Há os que falam em desencanto. Estão cansados de mensalões, Erenices, Caixas de Pandoras & cia. Há os que responsabilizam o fim da guerra fria. Com a morte do comunismo, o conceito de direita e esquerda perdeu a importância. Tanto faz um ou outro. Há, também, os que não creem em mudanças. As eleições renovam as caras. Mas conservam o ranço. Há, por fim, os que se olham. Inertes, descobrem a própria preguiça. Preguiça de se informar. Preguiça de participar. Preguiça de decidir. Então, omitem-se. Demitem-se da cidadania.
Renunciar ao voto significa abster-se de mudar as coisas. Sacramentar os donos do poder. Fazer o jogo dos políticos que se apegam ao poder como chiclete mascado em cabelo crespo. Aí, valem as palavras de Leonardo Boff: “Até que se invente outro sistema, é o voto que decide desde o preço e a qualidade do pão da padaria da esquina até o direito de tornar sonhos realidade”. Ou as de Toynbee: “Quem não se interessa pela política condena-se a ser governado pelos que se interessam”.
Por isso, não vale fugir. Vote. Vote para que seu candidato ganhe. Vote para que o outro perca. Na falta de simpatia por este ou aquele favorito, vote num azarão. Mas expresse sua vontade. Não recorra ao velho argumento contra a classe política. Ela nada mais é que o reflexo da sociedade. Basta dar uma olhadinha na lista de parlamentares. Ali estão representantes de banqueiros a bicheiros. Na gama de postulantes, há oferta pra todos os gostos. Existem os limpos, os sujos e os nem tanto. Eleja um que mereça sua confiança. Ou, pelo menos, o benefício da dúvida.
Quem escolhe se compromete. Fiscaliza. Municia-se para o julgamento das urnas. Lembra em quem votou. Tem balanço do que o eleito fez. Pode avaliar-lhe o trabalho a ponto de reelegê-lo ou descartá-lo. Quem se omite abdica do direito de reclamar. E omissão tem sempre um preço. Quem paga a conta? Eu, você, ele, nossos filhos e netos. A prestação dura quatro anos. Com possibilidade de mais quatro.