Vamos combinar? Vida de professor não é mole. Salas cheias, alunos desinteressados, material didático fraco, competição com os games e a generosidade da internet tornam a tarefa do mestre missão quase impossível. Mas ele não desiste. Lança mão de criatividade e recursos disponíveis pra chamar a atenção da moçada.
Escola do Distrito Federal não deixou por menos. Aproveitou a popularidade da funkeira Valesca Popozuda e a levou pra sala de aula. Ela pintou em prova de filosofia. Eis o enunciado: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente…” A questão caiu na rede. E, claro, na boca do povo.
Em meio à tempestade de críticas, uma pergunta se impôs. De onde vem a palavra popozuda? O dicionário responde. Ela está no verbete popô. Forma informal de popa, quer dizer traseiro. O sufixo -uda entra em cartaz. Ele forma adjetivos derivados de substantivos com noção de provido ou cheio de.
Não existem aumentativos inocentes. Eles transmitem sentimentos de afeto, desprezo, ironia. Mulherão, por exemplo, é muito mais que mulher grande. O filhão não raro usa fraldas. Trapalhão desperta risos. Uda não foge à regra. Também transmite conotação pejorativa ou irônica. Exemplos pululam pela língua. É o caso de pernuda, beiçuda, cabeçuda, peituda, orelhudo, barrigudo, pontudo, narigudo, testudo.
Popozuda e boazuda tem um z intrometido. Por quê? Porque o sufixo não pôde se colar ao radical. Pediu a ajuda de uma consoante de ligação. O z funciona como ponte que junta as duas partes: popoZuda, boaZuda.