Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns estão na cara. São tão visíveis quanto melancia pendurada no pescoço ou macaco em casa de louça. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, habitat natural, países do mundo, conviver junto, surpresa inesperada.
A gente só os diz por gozação. Diz e fica esperando a resposta. Marotamente, morto de vontade de rir. Também pudera. Esses pleonasmos estão na cara. Só se pode subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora. Todo elo liga. Todo habitat é natural. Todos os países são do mundo. Toda surpresa é inesperada. O quarteto
Quatro palavras merecem atenção especial. Uma delas é ainda. Outra: continua. Mais outra: atrás. A última: manter.
Sozinhas, elas são inocentes como recém-nascidos. O problema é a companhia. Quando as danadinhas se juntam a maus elementos, é um deus nos acuda. Valha-nos, Senhor! Ainda mais
O programa eleitoral ainda vai levar mais dois dias.
O ainda dispensa o mais. E o mais não quer saber do ainda. Fique com um ou outro. Assim: O programa eleitoral ainda vai levar dois dias. O programa eleitoral vai levar mais dois dias. Ainda continua
Serra, apesar das pesquisas, ainda continua esperançoso.
Feio, não? O continua dá idéia de continuidade. O ainda também. Os dois juntos dão indigestão. Decida por um deles: Serra, apesar das pesquisas, continua esperançoso. Serra, apesar das pesquisas, ainda está esperançoso. Manter o mesmo
No segundo turno, o candidato manteve a mesma equipe de jornalistas.
Cruz-credo! Manter só pode ser a mesma. Se não for a mesma, troque o verbo: No segundo turno, o candidato manteve a equipe de jornalistas. Há…atrás
Conheci Dilma há dois anos atrás.
O há indica tempo passado. O atrás também. Juntos, eles brigam. Causam o maior estrago na frase. Opte por um ou outro: Conheci Dilma há dois anos. Conheci Dilma dois anos atrás.