Percentagem, pra que te quero?

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      Percentagem ou porcentagem? Tanto faz. A primeira forma se inspirou no inglês. Na língua de Shakespeare, dizem percentage, filhote de per cent. A segunda vem da terrinha. Em Pindorama, dizemos por cento. Daí porcentagem.
 
      E a escrita? Há duas formas. Uma: com todas as letras. É o caso de sessenta por cento. A outra: com algarismos – 60%. Qual a melhor? A segunda. Ela tem duas vantagens. A primeira: é econômica. A segunda: é de leitura rápida. São exigências do mundo moderno.
 
      A maior exigência, porém, é a clareza. Diante dela, cessa tudo que a musa antiga canta. Se escrever mais de um valor da porcentagem, esbanje. Repita o sinal em cada um deles: Os salários devem subir entre 1% e 3% (nunca entre 1 e 3%). Os descontos vão de 10% a 50%. Uns 30% ou 40% da população vivem com um salário mínimo.
 
      A concordância? A concordância tem três manhas:

 
      1. Com o número anteposto ao verbo, prefere-se a concordância com o termo posposto, mas se pode concordar com o numeral: Cerca de 1% dos estudantes tumultuaram tumultuou) a passeata. Ninguém duvida de que 30% da população vive vivem) com menos de US$ 2 por dia.  

2. Se o numeral for determinado (acompanhado de artigo ou pronome), a concordância só se fará com ele: Os 10% restantes deixaram para votar nas primeiras horas da tarde. Uns 80% da população economicamente ativa ganham acima de 10 mil dólares. Este 1% de indecisos decidirá o resultado. Bons 30% dos candidatos faltaram à convocação.  

3. Com o número percentual posposto ao verbo, a concordância se faz obrigatoriamente com o numeral: Abstiveram-se de votar 30% da população. Tumultuou o processo 1% dos candidatos inconformados com a flagrante discriminação. Saiu da sala apenas 1% dos alunos.