Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que medão! A gripe suína ameaça Europa, França e Bahia. Atrevida, não respeita fronteiras. Passa de um país para outro com a desenvoltura dos que têm certeza da impunidade. Do México, deu uma voltinha nos Estados Unidos. Chegou ao Canadá. Atravessou o Atlântico e bateu à porta da Espanha, Alemanha, França, Suécia, Suíça. Visitou Israel e a Nova Zelândia. Em suma: o planeta é o limite para a turista indesejada.
“Uma pandemia é iminente”, anunciou a Organização Mundial da Saúde. A palavra assustou. Por duas razões. Uma: o significado. O vocábulo quer dizer pra lá de próxima, prestes a ocorrer. A outra: a grafia. Ao ouvi-la, pintou a dúvida. Iminente ou eminente? Ambas existem. Mas uma letra faz a diferença. Eminente não tem nada a ver com urgência. Significa excelente, nobre, magnífico. Daí se falar em eminente visitante, eminente escritor, eminente cientista.
Time dose dupla
A confusão se explica. Na língua, há seres com duas caras. Generosos, eles deixam a escolha de uma palavra ou outra a critério do freguês. Ambas estão estão corretas. Há duplicidade na concordância, na regência, na pronúncia, na colocação dos termos no período. A grafia não fica atrás.
Quatorze ou catorze? Tanto faz. Porcentagem ou percentagem? As duas. Ouro ou oiro, louro ou loiro? Você escolhe. Cota ou quota? Ambas. Camionete ou caminhonete? A que você preferir. Diabete ou diabetes? Não faz diferença. Caminhante ou caminheiro? Um e outro põem o pé na estrada.
Exageros e enganos
Algumas palavras chegam ao exagero. Têm três caras. É o caso de enfarte, enfarto ou infarto. Ninguém pode com elas. Outras enganam! Fingem ter duas grafias, mas não têm. Vale o exemplo de cinquenta. Desavisados pra lá de confiantes escrevem “cincoenta”. Bobeiam. A trissílaba, morta de rir, sai por aí cantando: “Enganei o bobo na casca do ovo”. Cruz-credo!
Quer mais? A carta de jogar se chama curinga (não coringa). O lugar onde se bebem umas e outras, boteco (não vale buteco). A fruta pretinha e doce, jabuticaba (jaboticaba dá indigestão). O roedor esperto, camundongo (não camondongo). Da tábua vem tabuada. Nada de taboada, por favor.