Domingo as ruas se vestiram de verde-amarelo. Outra vez, o povo saiu de casa pra protestar contra o governo, a corrupção, a carestia. Pais e filhos exerceram a cidadania no asfalto. Muitos carregavam faixas. As reivindicações eram muitas. Entre elas, duas sobressaíam. Uma: exigia o impeachment da presidente Dilma. A outra: alertava as pessoas para a responsabilidade do voto.
Ambas lançaram mão do vocativo: “Fora Dilma” e “Acorda eleitor”. Viu? Os autores se esqueceram de pormenor pra lá de importante. O ser a quem nos dirigimos não faz parte dos termos da oração. Não são essenciais, integrantes nem acessórios. Pra lá de elitista, o chamamento não se mistura jamais. Por isso a vírgula o separa sempre — sempre mesmo — sem exceção: Fora, Dilma. Acorda, eleitor.
Superdica: na dúvida, recorra a macete infalível. É vocativo? Não é vocativo? Anteponha o ó ao termo. Se o pequenino fizer bonito, tenha a certeza. Convoque a vírgula sem susto: Fora, ó Dilma. Acorda, ó eleitor. (Ó) Pai Nosso, que estais no céu / santificado seja o Vosso nome / Venha o nós o Vosso Reino / Seja feita a Vossa vontade / Assim na Terra como no céu. (Ó) Santo Anjo do Senhor, / Meu zeloso guardador …