Para gostar de ler

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Katilen e Marcelo Abi

Foi em homenagem a Monteiro Lobato que, em 2002, o presidente Fernando Henrique instituiu o Dia Nacional do Livro Infantil. Quem não se lembra das incríveis aventuras de Pedrinho, Narizinho, Emília e tantos outros personagens que encantam a imaginação de crianças e adultos até hoje?

A leitura desenvolve a criatividade e a imaginação. Contribui para ampliar a visão de mundo das crianças e, assim, torna-as mais aptas para enfrentar os desafios da escola e da vida.

Meninos e meninas devem entender o que leem. Para isso, temos de respeitar o tempo de cada um. Do mesmo modo que contamos várias vezes a mesma história, a criança lê e relê até compreender toda a narrativa. Algumas se adaptam rapidamente a livros grandes, outras levam mais tempo.

Entender o enredo desenvolve uma habilidade essencial: a interpretação. É assim que a criança entende os problemas de matemática, as questões das provas e elabora as  respostas adequadas.

Mas… como é mesmo que se escreve? E quando o que se escreve parece estranho, feio mesmo? Quem nunca se deparou com uma situação dessas que atire a primeira pedra. Sabe de onde vem a sensação de estranheza? Da leitura!

Lendo, criamos uma imagem visual de cada palavra. Mesmo não lembrando a regra de ortografia, sabemos que não é de determinada forma que se escreve. É lendo que se expandem o vocabulário e a criatividade. Assim, a tão temida redação fica moleza.

Moral da história: o incentivo à leitura ajuda a responder a questões que muitas vezes esperamos que nossos filhos nunca nos façam. Mas eles as fazem. Então, o que será mais proveitoso — ouvir uma explicação de horas com os pais suando frio para dar conta do recado ou  passar os mesmos valores de forma lúdica e divertida?

Como posso fazer meu filho ler? Vale lembrar que um leitor não nasce, se faz. Primeiro, você lê? Os filhos refletem o comportamento dos pais. Se os pais não têm o hábito de leitura, como incentivar o filho a ter? Vale lembrar o óbvio: as palavras convencem, mas os exemplos arrastam. Então descubra o que você gosta de ler e comece hoje mesmo.

Segundo, respeite o tempo. Deixe que a criança leia aquilo com que  se sente bem. Que tal, em vez de uma Bíblia enorme, darmos a obra ilustrada?

Terceiro, respeite o gosto da criança. Mesmo que você goste de pimenta, não obrigue seu filho a comer. O mesmo respeito deve ser dispensado ao gosto literário. Deixe que a criança escolha. Obom senso que usamos para censurar um programa de TV ou uso do computador deve ser aplicado na leitura.

Quarto, discuta com a criança o que ela leu. Você gostou? Quem é o herói da história? E o vilão? Com quem você se identificou? O que você mudaria na narrativa? Olhe aí, mais uma grande oportunidade de reforçarmos os nossos valores. Fazendo isso, você estará estimulando a imaginação e ajudando na formação do caráter.

Quinto, aproveite as novas tecnologias. Se um livro com fotos e desenhos já é interessante, imagine um com animação. As crianças vivem num mundo digital. Avalie a dificuldade de, depois de televisão, internet, vídeogames, prender a criança a um livro de papel. Então use a tecnologia como aliada, não como inimiga.

É isso. Que tal desligar a tevê e transformar a boneca de pano e o sabugo de milho em gente viajando com uma criança nas páginas do livro? Não se esqueça: coma goiabada de marmelo ou marmelada de goiaba.

(Marcelo Abi e Katilen (catequista) são pais do João Marcelo e do Rafael. João Marcelo é autor do livro Horta em figurinhas.)