Mensagem
Os íntimos
Dad Squarisi
Somos sortudos. O eleito? Não tem importância. O paraíso será aqui. Agnelo, Roriz, Toninho, são todos de casa. Parece que nos encontram todos os dias. Falam conosco a toda hora. Conhecem nosso pai, mãe, irmãos e filhos.
Aquela história do José Maria Alckmin podia ter sido protagonizada por qualquer um deles. Lembra-se? O político mineiro encontra um homem. Cumprimenta-o com entusiasmo. Depois pergunta:
— Como vai seu pai?
— Morreu há dois anos.
— Morreu pra você, filho ingrato. No meu coração, ele continua vivo.
Qual o truque de tanta intimidade? O sorriso ajuda. Os abraços também. Criancinhas no colo nem se fala. Show de obras prova experiência. O verbo prometer? Oba! Depoimento de povo, então… E lágrimas? De gente simples vá lá. Mas de candidato… Serão de crocodilo? Com a palavra, Roriz.
A língua também dá uma senhora ajuda. A começar pelo tratamento. Todo mundo é meu amigo, minha gente, meus companheiros. Este ano, ficha limpa está em alta. Deixa de ser obrigação. Torna-se qualidade. “Não temos candidatos fichas sujas”, vangloria-se Toninho. “Sou ficha limpa”, jura Gerson Rocha.
Senões? Só um. É a falta de intimidade com a língua. Fraga canta “Sou do Sergipe” em vez de “de Sergipe”. Cristovam exibe “Êta homem bom”. Esquece que eta joga no time de casa, mesa, cadeira. Dispensa grampos e chapéus. Xô! “Infra-estrutura”, escreve Roriz. “Apóia”, grafa Agnelo. Ambos não deixam dúvida. Estão desatualizados com a reforma ortográfica.