Palanque eletrônico 15

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Capitus

Dad Squarisi

Há personagens que viram símbolo. Citados, lembram qualidades ou defeitos pra lá de humanos. Judas é o traidor. Pinóquio, o mentiroso. Otelo, o ciumento. Jeca Tatu, a indolência. Bin Laden, o terrorista. Amélia, a mulher submissa. Leila Diniz, a liberada.

Etc. Etc. Etc.

E Capitu? A personagem de Machado de Assis virou sinônimo de dissimulação. Tem tanto talento que divide os leitores. Virada a última página de Dom Casmurro, metade acredita na traição. A outra metade aposta na honestidade da dona dos olhos de ressaca.

A fala dos presidenciáveis traz à memória a criatura do Cosme Velho. Todos esbanjam sorrisos. Marina não expõe marcas das pancadas que levou na campanha nem da decepção nas urnas. Agradece a Deus, a gregos e romanos. Só faltou o papagaio. Derrotada? Nem pensar. Vai vender caro o apoio: “Eu sou a liderança de um partido — a Rede”. Diz que está feliz. O vice está feliz. Quem acredita?

Aécio pisa o calcanhar de aquiles petista. Fala em corrupção sem pronunciar a palavra. Promete decência e eficiência. Homenageia o homem honrado e digno que foi Eduardo Campos. Convoca seres do além. “Não vamos nos dispersar”, pedia o vovô Tancredo. O neto idem. O que ele quer? Os votos da acriana.

Ops! “Um, dois, três, Dilma outra vez”, canta a torcida organizada. A presidente diz que a luta vitoriosa continua porque é do povo. “O povo unido jamais será vencido”, emenda o povo ali presente. A inquilina do Planalto interpreta os votos obtidos como recado pra seguir em frente. Medo? Apoio de Marina? Ah! Quem dera!