Palanque eletrônico 14

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Espelho, espelho meu

Dad Squarisi

Acabou-se o que era doce. Adeus, programa eleitoral. Aécio volta às origens. Lá está ele, em São João del-Rei. Bebê no colo, agradece à família ali presente. Elogia-se. Recebe elogios. Prega o voto útil pra vencer o PT. Ataca Dilma. O chicote? A corrupção que corre solta na Petrobras.

Dilma? Não está nem aí. Fala em tempo novo e ideias novas. Bate papo com Lula. Os dois explodem otimismo. Só ela tem capacidade pra manter o que foi feito, corrigir as falhas e fazer mais. “Vá em frente”, manda o padrinho. Ela, humilde, obedece. Pede votos.

Ops! Marina faz comício. Diz que a matéria-prima mais concreta da política é o sonho. Conta histórias da infância. O sonho de alfabetizar-se, etc., etc., etc. Acabou? Nãoooooooo! Sobrou pra Dilma, que come pela boca de marqueteiros. E mente. Como ignorar a corrupção da Petrobras?

O trio tem um ponto comum — o olhar posto no umbigo. Adorar a si mesmo não é coisa nova. A mitologia grega tem até um deus pra simbolizar a egolatria. Trata-se de Narciso. O mancebo era o belo entre os belos. As ninfas batiam o olho nele e caíam de amor. O gatão não ligava.

“Vingança”, clamavam as desprezadas. Zeus as ouviu. Fez o bonitão contemplar a face nas águas de uma fonte. Ao ver tanta beleza, o moço ficou extasiado. Apaixonou-se por si mesmo. Sem conseguir sair do lugar, não deu outra. Morreu.

Os contos de fada exploraram o mito. Um deles é a Branca de Neve e os sete anões. A madrasta má não cansava de perguntar: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais lindo do que eu?” “Não”, era a resposta. Um dia a casa caiu. A dondoca foi ao ar e perdeu o lugar. (É o medo dos petistas. E a torcida dos concorrentes.)