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Mensagem

O busca-pé

Dad Squarisi

“Coisa de demagogo”, denunciam os louquinhos por excelências. Eles esperneiam. Não acreditam nas pesquisas. Dizem que não houve eleições. Sem a ida às urnas, como cantar vitória? “Demagogos”, repetem desdenhosos.

Demagogo vem do grego. É composto de duas palavras. Uma: demos. Quer dizer povo. A outra: agogós. Significa conduzir. Na Grécia antiga, era o chefe de facções populares, ou seja, o líder político.

Quando nasceu, o vocábulo tinha boa reputação. Não ofendia ninguém. Dizia-se demagogo como hoje se diz prefeito, governador ou presidente. O termo não tinha conotação depreciativa.

Hoje, a coisa mudou de figura. Demagogo virou palavrão. É o político longo nas promessas e curto no cumprimento. Inescrupuloso, engana pra chuchu. Aproveita as aspirações populares para o próprio bem. Aristóteles o denominava adulador do povo.

Nós lhe damos alguns apelidos. Busca-pé é um. Candidato relâmpago, outro. Explica-se. Ele aparece, brilha, faz barulho e some. Vale também copa do mundo. Ou bom filho. O homem volta às bases regularmente. De quatro em quatro anos, bate à porta dos eleitores. Aperta mãos, dá beijinhos e abraços, pega crianças no colo, come sanduíche de mortadela, toma cafezinhos. Depois, bate asas.

O estilo varia aqui e ali. Mas, na essência, não muda. Ele promete. Faz e acontece. Tudo é fácil. Desemprego? Violência? Drogas? As soluções vêm como toque de mágica. Cadê os meios? O gato comeu. Nesta eleição, o bichano encheu o papo. As promessas não mudam. São pra inglês ver.