Em latim, pai é pater. No português virou padre. Depois evoluiu até chegar às três letrinhas pra lá de repetidas. Ao longo da vida, formou uma senhora família. Alguns membros mantiveram o td da primeira tradução. Padrinho, padrasto, apadrinhar, padroeiro servem de exemplo. Pai também entrou no clã. Dele nasceu o onomatopeico papai. E, mais recentemente, pãe — o pai que também é mãe. original. É o caso de paternal, paterno, paternidade, patrimônio. Outros se bandearam para o Só carinho
Não é novidade. Mas vale lembrar. O português é cheio de manhas. Uma delas passa pelos graus do substantivo. Na nossa língua de todos os dias, o aumentativo nem sempre aumenta. O diminutivo nem sempre diminui. Paizinho, por exemplo, não indica tamanho pequeno. E paizão tampouco indica tamanho grande. Ambos exprimem carinho.
Ambos também se grafam com z. Sabe por quê? Não existem os sufixos -zão e -zinho. Existem -ão e -inho. Pra se colarem ao radical, eles pedem ajuda à lanterninha do alfabeto. O z funciona como consoante de ligação. É o caso de cafezinho (café + inho), vovozinha (vovó + inha), jornalzinho (jornal + inho). De esses e zês
O sufixo -inho prima pela versatilidade. Ora se cola ao radical da palavra. Ora pede socorro ao z. Exemplos não faltam: menino (menininho e meninozinho), devagar (devagarinho, devagarzinho), pai (painho, paizinho), filho (filhinho, filhozinho), colher (colherinha, colherzinha).
Olho vivo! Quando o sufixo se junta ao s do radical, cessa tudo o que a musa antiga canta. O z vai pra escanteio: mesa (mesinha, mesona), casa (casinha, casona), camisa (camisinha, camisona). Vale a questão: pai e país têm a mesma forma no diminutivo?
Não. O diminutivo de pai pede a consoante de ligação (paizinho). País tem o s no nome. Fica só com o sufixo -inho (paisinho).