Na língua vigora a lei do menor esforço. Em outras palavras: na comunicação do dia-a-dia, a preguiça fala mais alto. A regra vale para os numerais. Os locutores de rádio e TV quase apagaram os ordinais do vocabulário. Em vez deles, empregam os cardinais. Nas Olimpíadas, não dizem que determinado atleta é o décimo quinto do ranking. Preferem “é o número 15”. No noticiário […]
“Tudo aquilo que malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português.”
Além da colocação e da monotonia, a harmonia tem dois grandes inimigos. Um deles é o eco. A rima, qualidade da poesia, é defeito da prosa. Releia seus textos, de preferência em voz alta, para verificar se ocorre repetição de sons iguais ou semelhantes: Mais confusão e provocação no Maranhão. O Plano Real acabou com a inflação inercial. O rigor do calor de Salvador […]
“Quem dá mais?”, provoca o leiloeiro. Um dá um lance. O outro joga o preço mais pro alto. Nova provocação. Novas ousadias. A Clarice Marcondes, de João Pessoa, não perde um leilão. Assiste a todos. Vibra com a emoção da platéia. Outro dia, bateu a dúvida. Quem deu nome a esse jeito criativo de vender? Foram os árabes. A palavra veio da língua […]
“Nunca use termo cinentífico ou jargão se conseguir pensar numa palavra do dia-a-dia.”
Gilberto Kassab é prefeito de São Paulo. Louco pelo poder, quer se manter à frente da maior cidade da América do Sul. O jeito? É disputar o voto do eleitor. Ele foi à luta. Vale, pois, a questão. Kassab é prefeito candidato ou candidato prefeito? Parece jogo de palavras. Mas não é. Questão semelhante quebrou a cabeça dos brasileiros no século passado. Em Memórias póstulas […]
Fora ou dentro das aspas? A gente nunca tem certeza do lugar certo do ponto. Na dúvida, chuta. Aí, não dá outra. A lei de Murphy dá as caras. O que tem que dar errado, dá. E daí? Só há uma saída – aprender. Guarde isto: a. Se o período começa com aspas, o ponto faz parte dele. Vai dentro: “A gramática precisa apanhar […]
“Depois de dois-pontos a gente usa letra maiúscula ou minúscula?” Se você respondeu depende, acertou. Manda o que vem depois. Se for explicação ou enumeração, é minúscula: A questão era esta: nada a fazer. Na feira, selecionou as frutas: banana, laranja, pêra, maçã, uva e abacaxi. Se for citação ou frase de alguém, a maiúscula pede passagem: Fernando Pessoa escreveu: “Navegar é […]
“Repetir de novo é redundância?” Depende. Repetir é dizer outra vez. Você repetiu só uma vez? Não use de novo. Mais de uma vez? Ufa! É de novo.
Carlos Alessandro é argentino. Estudou português em Buenos Aires. Chegando ao Rio, foi apanhado de surpresa. “Nas perguntas”, diz ele, “escuto um quê a mais. Parece-me estranho. O intruso não sobra?” Sim e não. Na língua coloquial, a que Monteiro Lobato disse andar de mangas de camisa, bermuda e chinelos, não. Na língua formal, escrita por juízes, administradores públicos, documentos legislativos, sim: De […]