Os diferentes se atraem

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      É lugar-comum? É. É tão antigo quanto o rascunho da Bíblia? É. É tão sabido quanto a tentação de Adão e Eva? É. Mas vale repetir. O amor é lindo. É lindo e faz bem. Abre o sorriso, melhora a pele, torna o sol mais luminoso, o dia mais claro, o céu mais estrelado. Deuses, ninfas, serafins, fadas e bruxas abençoam o encontro do olhar e da pele. Cupido, então, joga a flecha envenenada. Acerta o coração dos mortais. Oxum, dona dos feitiços aprendidos na África, acaba o trabalho. Junta os loucos pra se juntar.     Quem são eles? São muitos. No Olimpo, Cupido e Psiquê. Em Troia, Helena e Páris. Na ópera, Orfeu e Eurídice. Na tragédia, Romeu e Julieta. No romance, Ceci e Peri. Na nossa vida de todos os dias, eu, você, ele, todos nós. Na língua, os prefixos que encontram a cara-metade. Eles têm uma idiossincrasia. Só se casam com os diferentes. Em bom português: os prefixos terminados em vogal ou consoante diferente da vogal ou consoante com que se inicia o segundo elemento é união certa.     Exemplos não faltam: aeroespacial, agroindústria, agronegócio, aeroespacial, antieducação, antidemocrático, autoescola, autodidata, autoanálise, coedição, coautor, infraestrutura, semiaberto, semiobscuro, semicircular, miniolimpíada, minianálise, microbiologia, microavanços, subalterno, subsolo, sobremaneira, neoobjetivo, neoescolar, psicoanálise.     A paixão pode ser enorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrme. Mas tem limite. A fronteira é a individualidade Um e outro se fundem, mas mantêm a pronúncia. Por isso vogal que encontra r ou s duplicam o r e o s: antirrábico, antissocial, biorritmo, contrassenso, infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neossocialismo, semirrobusto, ultrarrigoroso, correu, corresponsável.     Moral da opereta: o amor é cego, mas não é surdo.