“Ser claro é uma gentileza com o leitor”, ensinou Celso Cunha. Um dos caminhos para chegar lá é escrever com simplicidade. Só teremos êxito se bajularmos a criatura para quem encaminhamos o texto. De um lado, ela deve entender a mensagem sem esforço. De outro, sentir prazer na leitura.
Quer um exemplo?
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 60% da população mundial não é fisicamente ativa o suficiente a fim de garantir os benefícios advindos dos exercícios físicos.
Entendeu? Difícil chegar à ideia central, não? Eis uma versão mais amiga:
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 60% da população mundial é sedentária.
O texto ganhou três qualidades. Uma: ficou mais curto. Outra: ganhou clareza. A última: tornou-se objetivo. Como? Com algumas tesouradas e a ajuda do adjetivo sedentários. Ele englobou duas idéias ao mesmo tempo. Indicou que a população mundial não se exercita. E sedentários, claro, não se beneficiam da atividade física.
Trabalhoso? É. Vale, a propósito, o comentário de Samuel Johnson: “O que é escrito sem esforço é geralmente lido sem prazer”. E, pra completar, a lição de Heminguay: “Reescrevi 30 vezes o último parágrafo de Adeus às armas até me sentir satisfeito.
Em suma: escrever é 99% de transpiração e 1% de inspiração. Três verbos permanecem em cartaz. Um: pensar. Outro: cortar. O último: apiedar-se (do leitor).