A aula perdida
O porquê tem quatro empregos. Dois deles: por que, por quê. Os outros dois: porque, porquê. Quando dar vez a um e a outro?
Por que
Por que, separado e sem acento, tem dois empregos: 1. nas perguntas diretas, as que acabam com ponto de interrogação: Por que a leitura facilita a redação? Por que se lê tão pouco no Brasil? Por que há poucas livrarias em nosso país?
2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual”: É bom saber por que (a razão pela qual) a leitura facilita a redação. Explique por que (a razão pela qual) se lê tão pouco no Brasil. Eis por que (a razão pela qual) há poucas livrarias no país — há poucos leitores. Por que ( a razão pela qual) caem os presidentes. Por quê
O quezinho separado com circunflexo só tem vez quando for a última — a última mesmo — palavra da frase. Sabe por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: A leitura facilita a redação por quê? Lê-se tão pouco no Brasil por quê? Há poucas livrarias em nosso país e todos sabem por quê (a razão pela qual há poucas livrarias). Os presidentes caem. Eis por quê (a razão pela qual caem). Porque
Juntinho como unha e carne, a dissílaba é conjunção causal ou explicativa: Os professores estimulam a leitura porque bons textos enriquecem o vocabulário. Há poucas livrarias no Brasil porque há poucos leitores. Leio muito porque quero escrever melhor. Porquê
O porquê assim, com chapéu, deixa de ser conjunção. Torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia de artigo, numeral ou de pronome. Tem plural: Explicou o porquê da importância da leitura. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Não sei responder a este porquê. Dois porquês me quebram a cabeça.