O mesmo com cara contemporânea 5

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Eta mês preguiçoso. Em janeiro, desaceleramos o ritmo doido de dezembro. Confraternizações, compras, presentes, festas, Natal, réveillon, ufa! É um estresse só. Como não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe, chega a vez do basta. É hora de sombra e água fresca. O blogue entrou no clima. Apresentou diquinhas em 140 caracteres. Os leitores gostaram.

Aprender malandragens da língua num passar de olhos é casar a fome com a vontade de comer. Mas, como a unanimidade é burra, alguns ficaram com a pulga atrás da orelha. “Assuntos complexos podem ser tratados com a rapidez de poucos toques? Que tal a crase?”, desafiou gente de Europa, França e Bahia. A resposta é sim. Vamos lá?

A crase (1)

“A crase não foi feita pra humilhar ninguém”, disse F. Gullar. Foi feita pra indicar a união de dois aa. * O a pode ser artigo (a casa) ou a 1ª sílaba do pronome demonstrativo aquele, aquilo. * Só substantivo feminino é antecedido do artigo a. Daí por que só ocorre crase antes de quem usa batom e saia. * Com crase ou sem crase? Na dúvida, recorra ao troca-troca. Troque o nome feminino por masculino. Não precisa ser sinônimo. Mas do mesmo no. * Se no troca-troca der ao (aos), sinal de preposição + artigo. No feminino, à (às): Vai à cidade. (Vai ao clube.) Viu? ? Ao chama à. * Em meio a lutas? Em meio à lutas? No troca-troca, olho no no. (em meio a combates). Xô, acento grave. * Em meio às lutas? Em meio as lutas? Vamos à troca (em meio aos combates). Aos exige às: em meio às lutas. * O cão é fiel à dona? Fiel a dona? Com o troca-troca, fiel ao dono. O ao responde: O cão é fiel à dona. * Refiro-me à questão da prova? A questão da prova? No troca-troca: Refiro-me ao debate da prova. O ao impõe à questão. * Quanto à prova, nada posso informar? Quanto a prova? No troca-troca: Quanto ao tema, nada posso informar. Vem, crase! * Recebe à amiga? Recebe a amiga? No troca-troca: Recebe o amigo. Sem preposição, só o artigo tem a vez. Xô, crase! * Bebê a bordo? Bebê à bordo? Bordo é nome masculino. O artigo a não tem vez com ele. Sem a, nada de crase: Bebê a bordo. * Vale a pena? Ops! Vamos ao troca-troca: Vale o trabalho. Viu? Falta preposição. Sem ela, adeus, grampinho. * Àquele? Àquilo? O a não é problema. Está presente no artigo. Vem, preposição: Luiz se dirigiu àquele vendedor que sorria. * Viu? A gente se dirige a alguém O a exigido pelo verbo se encontra com o a do pronome aquele. É casamento na certa. * Em relação àquilo, nada sei. O a da locução em relação a dá de cara com o a de aquilo. Não dá outra. Os trapinhos se juntam. * Pronome de tratamento começado por Vossa tem alergia ao artigo. Sem ele, adeus, crase: Dirijo-me a Vossa Senhoria. Encaminho a Vossa Excelência… * Digo a V. Sª que o livro está esgotado. É isso. Com pronomes de tratamento começados com vossa, xô, crase!