Mais flexível que cintura de político mineiro? É a língua. Sem apegos e resistências, ela se adapta ao sopro dos tempos. O século 21 tem a marca da rapidez. Faltam horas pra tanta oferta de informação. O português entrou na onda. Mandou a falação plantar batata em terra infértil. Com a bandeira “menor é melhor”, entrou glorioso na era da internet. Ensina as manhas do jeitinho de dizer nota 10 com recurso pra lá de contemporâneo. Usa 140 toques como manda o twitter e a mensagem do celular. Quer ver?
140 é o limite
Maria é pão-duro ou pão-dura? Duro concorda com pão sim, senhores: Maria é pão-duro. Maria e João são pães-duros.
Superlativo de sério? Acredite. É seriíssimo. Assim, com dois is. Invejosos, necessariíssimo e maciíssimo entraram no time dose dupla.
Magríssima, macérrima ou magérrima — o trio dá o mesmo recado: a pessoa está muiiiito magra.
“Crime de lesa-povo”, escreveu o jornal. Cochilou. Adjetivo, leso concorda com o nome: crime de leso-povo, crime de lesa-pátria.
Gente, olho vivo. O avião pousa. A modelo posa, faz pose. Viu? Uma letra faz a diferença.
Em pôr em xeque, xeque se escreve assim — com x. O trio quer dizer ameaçar, pôr em dúvida o valor de alguém ou de alguma coisa.
A casa vem coladinhas em outra. Muitos dizem casa germinada. Ops! O que germina é semente. A casa é geminada. A palavra vem de gêmeo.