O maltratado

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Todos o amam. Todos o querem. Mas poucos o respeitam. Sem cerimônia, mudam-lhe a conjugação. Trata-se do verbo viger. Advogados, jornalistas, ministros, estudantes não o poupam. Flexionam-no como se pertencesse à 3ª conjugação. Ele esperneia. Em vão.

O nome do verbo

Vigir não existe. A forma é viger:O novo salário vai viger a partir de maio. A lei não pode ser aplicada porque ainda não vige. Em que período a lei vigeu?Essa lei vigeu poucos meses.Sei que o decreto não vige, não vigeu e nunca vigerá.   Intolerância

Viger tem um defeitão. É intolerante. Detesta o a e o o. Resultado: só se conjuga nas formas em que essas vogais não aparecem depois do g. A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (eu vigo) não tem vez. Nem o presente do subjuntivo. Que eu viga? Uhhhhh!

Nas demais, ele é regular. Conjuga-se como viver: ele vive (vige), vivemos (vigemos), vivem (vigem); vivi (vigi), viveu (vigeu), vivemos (vigemos), viveram (vigeram); vivia (vigia); viveriam (vigeriam). Nas demais, ele é regular. Conjuga-se como viver:   Troca-troca

Complicado? A língua oferece mil outras possibilidades. Deixe o viger pra lá. Parta pra outra. Que tal vigorar? Ou entrar em vigor? O novo salário vai vigorar a partir de maio. O novo salário vai entrar em vigor em maio. A lei não pode ser aplicada porque ainda não vigora.A lei não pode ser aplicada porque ainda não entrou em vigor.Em que período a lei vigorou? Em que período a lei esteve em vigor?Sei que o decreto não vigora, não vigorou e nunca vigorará.Sei que o decreto não está em vigor, nunca esteve e nunca estará.   Teste

A frase certinha da silva é esta:

A lei vigiu durante 20 anos. A lei vigeu durante 20 anos.

A resposta? É a letra b, não?