O Haiti é aqui

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Haitianos invadem o Brasil. Expulsas pela pobreza, levas e levas de adultos e crianças entram pela fronteira norte. Até chegar aqui, sofrem violência e privações. São explorados por  intermediários que os enganam, maltratam e roubam. O Brasil os acolhe e assiste. A vinda maciça de moradores da ilha mais miserável da América merece espaço generoso na imprensa. É aí que dúvidas assaltam repórteres que precisam dar a informação correta. Não se trata de questões legais nem humanitárias. Trata-se de questões linguísticas. Vamos a elas.   Acentuação

Muitos brindam Haiti com vistoso grampinho. Bobeiam. Na pressa, esquecem-se de regra tão antiga quanto o rascunho da Bíblia. É esta: não se acentuam as oxítonas terminadas em i e u seguidas ou não de consoante. É o caso de Haiti. E também de aqui, ali, parti, comi, bebi, caju, bambu, urubus, sair, Caim, funil, azul, bumbum.   Alhos e bugalhos

Atenção, precipitado. Não confunda o caso de saí com o de Haiti. As duas palavras têm duas semelhanças. Ambas terminam com i. Ambas rimam. Mas têm uma baita diferença. Saí ganha acento. Haiti não. Por quê? Sem o agudão, o hiato (sa-í) vira ditongo (sai). O grampinho rompe o casamento. Para quebrar a união, o iou o u têm de atender estas exigências. Uma: serem tônicos. Duas: serem antecedidos de vogal. Três: aparecerem sozinhos ou com s. A última: não serem seguidos de nh: sa-í-da, e-go-ís-ta, sa-ú-de, ba-ús. Mas: ba-i-nha, la-da-i-nha, cam-pa-i-nha.