O céu caiu

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Brasília tremeu. Na cerimônia de troca da bandeira, Mirage da FAB quis fazer bonito. Excedeu a velocidade. Que baruuuuuuuuuuulho! Cachorros correram apavorados. Carros saltaram no asfalto. Religiosos pensaram no fim do mundo. O deslocamento do ar quebrou as vidraças do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Gozadores não deixaram por menos. Disseram que os mensaleiros mandaram recado. Não querem o julgamento do mensalão.

“Caça dá voo rasante e destrói vidros de palácios da Praça dos Três Poderes.” Com alguma variação, essa foi a manchete de sites e jornais. Nele, duas palavras sobressaem — voo e destrói. Elas ensinam lições. Ambas relacionadas com a reforma ortográfica.

Uma: o hiato oo deu adeus ao acento. Agora voo, abençoo, coroo, perdoo, amaldiçoo & cia. escevem-se assim — livres e soltos.

A outra: o ditongo aberto ói e o irmãozinho éi perderam o grampinho nas paroxítonas. Joia, paranoico, jiboia, heroico, ideia, assembleia, Coreia se grafam desse jeitinho. As mesmas duplinhas mantêm o agudo nos monossílabos e nas oxítonas. Daí destrói, heróis, constrói, dói, papéis, cruéis conservarem a velha forma.   Ops!

Ao ver o rei da Espanha desfilar em carro aberto de carona com a seleção bicampeã da Eurocopa, João Rafinha comentou:

— Ora vejam! O caça causa estragos na Esplanada dos Ministérios. O Congresso paraguaio cassa o presidente. Juan Carlos caça elefantes. Uma letra faz a diferença.