A língua adooooooooora carnaval. Coberta de plumas e paetês ou de cara lavada, pula nos salões, desfila nas passarelas, solta a voz em sambas e marchinhas. Resgata, com jeitinho verde-amarelo, as saturnais romanas — festas que celebravam a volta da primavera. A estação simboliza o renascer da natureza depois do rigor do inverno.
Era período pra lá de alegre. Os servidores públicos entravam em recesso. Os tribunais fechavam as portas. Nenhum criminoso podia ser punido. Libertavam-se os escravos pra assistir aos festejos. As famílias ofereciam banquetes. Aí, invertiam-se as posições sociais.
Os serviçais davam ordens aos senhores. Os senhores lhes serviam iguarias à mesa. Todos se mascaravam pra ficar mais à vontade. Há quem diga que as máscaras nasceram nessas celebrações. Verdade ou fantasia, um fato é indiscutível. A língua amou a indumentária. Usa-a às claras. Não raro cria senhora confusão. Ela não está nem aí pros falantes. Esbalda-se entre fantasias, máscaras e badulaques.