Ops! Que falta a vírgula faz! Duvida? Leia esta passagem publicada na pág. 52 da Veja: “Athos Bulcão conheceu Niemeyer em 1943, ano em que eles inauguraram sua longa parceria no Teatro Municipal de Belo Horizonte. O arquiteto deveria reformar o edifício e o artista, cobri-lo de azulejos”.
Viu? Na primeira leitura, temos a impressão de que o arquiteto deveria reformar o edifício e o artista. Pra evitar a confusão, só há uma saída — pedir socorro à vírgula. Para o sinalzinho de pontuação anteceder o e, impõem-se duas condições.Uma: o e deve ligar orações com sujeitos diferentes. A outra: a possibilidade de a ausência do e provocar dupla leitura.
O arquiteto deveria reformar o edifício e o artista, cobri-lo de azulejos.
Percebeu? O período tem orações com sujeitos diferentes. Um é o arquiteto. O outro, o artista. Uma leitura rápida dá a impressão de que o arquiteto deveria reformar o edifício e o artista. Valha-nos, Deus! A ambigüidade é pecado mortal. Como escapar das chamas do inferno? A vírgula salva:
O arquiteto deveria reformar o edifício, e o artista, cobri-lo de azulejos.