Márcio Cotrim Os marmanjos, saudosos, sabem muito bem quem foi o Tarzã, herói das selvas que encantou gerações. Criado literariamente em 1914 pelo escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs, chegou ao cinema com enorme êxito em 1918 e às histórias em quadrinhos em 1929. O mais conhecido Tarzã foi o austríaco, mítico nadador e campeão olímpico Johnny Weissmuller, que fez 20 filmes entre 1932 e 1948, nos quais imortalizou seu famosíssimo grito. Entre nós, em meados dos anos 40, foi lançada a coleção Terramarear, livros que contavam as fantásticas peripécias do homem branco criado entre macacos. Agora, veja você. A empresa RGC Jenkins & Company, que representa os herdeiros do pai do Tarzã, procurou patentear o grito dessa figura lendária e encaminhou o pleito a um escritório especializado. Examinado o assunto, não houve condição de atendê-lo pela impossibilidade de o som ser viabilizado em notas musicais. O grito também não foi registrado porque não cumpria o reconhecimento de uma voz humana ou mesmo de outra coisa como, por exemplo, o som de um violino ou o latido de um cão. Houve quem identificasse o emblemático grito como a combinação de vários sons, inclusive o do próprio Tarzã, como um dó agudo de uma soprano e o uivo de hiena gravadoem fita e reproduzido de trás para a frente. Seja como for, não houve criança no mundo que não se encantasse com as aventuras do Tarzã, de sua namorada Jane e da hilariante macaca Cheeta entre cipós, apavorantes selvagens e outros bichos assustadores. *** AZUCRINAR — Importunar, apoquentar alguém. Em linguagem bem popular, encher o saco. O berço dessa palavra tem a ver, acredite, com um diminuto inseto chamado azucrinol, de nome científico gynaikorthrips ficorum, com cerca de 2 milímetros, verdadeira praga para as lavouras. É também conhecido como lacerdinha, vive em bando na copa das árvores, de onde se atira para picar as pessoas. Nos anos 50/60, era muito lembrado, sobretudo pelos cariocas, como apelido dado pelos adversários do jornalista e político Carlos Lacerda, que passou boa parte de sua vida pública azucrinando os presidentes e pregando golpes para derrubá-los, até que ele mesmo acabou cassado pelo governo militar. Feitiço contra o feiticeiro . . . *** BEDEL — Funcionário subalterno que atuava antigamente nas secretarias das escolas e faculdades, incumbido de apontar as faltas dos estudantes e dos professores, além de fazer as pautas dos exames, etc. O encarregado de manter a ordem e a disciplina. O berço da palavra vem do francês bedel (atual bedeau, sacristão). Figura nem sempre querida mas muito presente nos corredores e nas salas de aula. A propósito de bedel, nunca esqueço de uma boa historinha. Deu-se que, numa prova oral em certo colégio, o professor tomou a lição do aluno: — Quantos rins nós temos? – Quatro, professor. — Como, quatro? — Claro, dois seus e dois meus. O professor assombrado com o atrevimento e a ignorância, berrou pelo bedel: — Traga um punhado de alfafa! E o aluno, cinicamente: — E para mim, um cafezinho . . . *** NERÓPOLIS – A amiga e leitora Mitie Miki, de Brasília (DF), indaga o berço do nome de sua cidade natal, Nerópolis (GO). A designação desse município goiano de cerca de 25 mil habitantes evidentemente nada tem a ver com uma referência ao imperador romano Nero. Ele foi batizado assim, e isso sim, no ano de 1930, em homenagem ao senador Nero Macedo que, consta, fez muito pelo estado mas pouco pela cidade que leva o seu nome. Já foi considerada a “capital do alho” em Goiás e hoje também se destaca pela produção de doces artesanais, comercializados em grande escala no mercado interno e exportados. Faz parte da região metropolitana de Goiânia e continua em franca expansão, sobretudo no ramo da indústria alimentícia, que adoça o paladar goiano . . .