Twitter gerou filhote. É tuitar. Ele dá nome à ação de 7 milhões de pessoas mundão afora. Cadastradas, elas entram no microblog mais popular do planeta e dão o recado. Falam de si, fazem perguntas, bisbilhotam, comentam atos praticados por políticos, celebridades, anônimos ou eles próprios. O espaço da internet é pra lá de democrático. Acolhe qualquer um — eu, você, ele. Entre os membros ilustres, estão Barack Obama e Oprah Winfrey, a apresentadora de talk show mais poderosa dos Estados Unidos. Foi no twitter que Mercadante se expôs ao ridículo. Anunciou a renúncia que não se concretizou.
Ao se inscrever, o novo blogueiro manifesta o desejo de seguir esta ou aquela pessoa. Passa, então, a ser avisado todas as vezes que a criatura postar algo. Estrela ou gente comum, todos se submetem a um critério — o tamanho limite do texto. A mensagem deve caber em 140 toques. O que é isso? É isto: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Convenhamos. Trata-se de desafio. Os esbanjadores verbais têm de conjugar o verbo poupar. No caso, menos é mais. Menos palavras e menos letras são sinônimo de mais informação. Muitos abominam o modismo. É direito legítimo. Ao exercê-lo, porém, excluem-se. Caem fora não só do Twitter. O microblog se inspirou no SMS — mensagens de texto dos celulares. Para mandar recado por via tão simples, ninguém dispõe de mais de 140 toques. Entrar na onda, pois, não significa abandonar a norma culta. Significa ampliar as próprias possibilidades. Poliglotas na nossa língua, somamos mais uma às tantas que falamos ou escrevemos. Como chegar lá?
Escrever texto curto, claro e compreensível é possível. A língua mostra caminhos. São três trilhas. Uma conjuga o verbo escolher. Outra, cortar. A última, trocar. A coluna de hoje percorre a primeira. São sete dicas. As próximas, percorrerão as demais. Vamos lá?
1. Escolha palavras curtas
Só ou somente? Só. Colocar ou pôr? Pôr. Empreender ou fazer? Fazer. Obviamente ou é claro? É claro. Falecer ou morrer? Morrer. Falecimento ou morte? Morte. Morosidade ou lentidão? Lentidão. Bastante ou muito? Muito. 2. Escolha siglas
Em vez de Organização das Nações Unidas, use ONU. Departamento de Trânsito, Detran. Unidade de Terapia Intensiva, UTI. Produto Interno Bruto, PIB. Presidência da República, PR. Ministério da Educação, MEC. 3. Escolha abreviaturas
Na hora de poupar espaço, valem abreviaturas consagradas ou inventadas. Mas a liberdade tem limite. É a compreensão. O leitor tem de entender o código: senhor (sr.), apartamento (ap.), página (pág.), capítulo (cap.), século (séc.), porque (pq), que (q), também (tb), abraço (abr), beijo (bj), qualquer (qq), você (vc), quem (qm). 4. Escolha códigos diferentes
Mais (+), menos (-), vezes (x), dividir (¨), igual (=), dinheiro ($), reais (R$), dólares (US$, U$). 5. Escolha a voz ativa
A lição foi ensinada pelo professor. O professor ensinou a lição. O mestre ensinou a lição. 6. Escolha sinais de pontuação
O quê? Não entendi = ? Surpresa, admiração = ! 7. Escolha códigos emocionais
🙂 ou 🙂 ou =) (contente), 🙁 ou 🙁 (triste), 😮 ou :-O (surpreendido ou muito surpreendido), :-e (desiludido), >:-<< (zangado). Ops! É luxo
A língua é um conjunto de possibilidades. Quanto mais as conhecemos, mais escolhas temos. Poder optar entre um vocábulo e outro tem nome. É exercício de liberdade. A criatividade e a compreensão funcionam como baliza. Nada mais.