— Cansei, desabafou Pedro Paulo, vulgo Pepê. Desde que nasci, ouço falar no pão-durismo mineiro. Uns dizem que mineiro não come ovo pra não jogar a casca fora. Não cumprimenta pra não abrir a mão. Não sai de casa pra não gastar. Se gasta, não paga. Se paga, paga só a dele. Pior. Falam até das mesas com gavetões. Para que servem? Pra esconder a comida. Se a campainha tocar, pratos, talheres e travessas correm pra lá. E, num toque de mágica, dali sai um baralho. A visita encontra todos concentrados no jogo.
A economia não se restringe à vida. Estende-se à língua. Eis a confissão de Pepê: ‘‘Para quem não sabe, eu sou de MG, mineirês, procêis cunhecê… Fala de minerim é assim mezzz: lidileite (litro de leite), mastumate (massa de tomate), dendapia (dentro da pia), kidicarne (quilo de carne), tradaporta (atrás da porta), badacama (debaixo da cama), pincumel (pinga com mel). Mais: iscodidente (escova de dente), nossinhora (nossa senhora), pondions (ponto de ônibus), denduforno (dentro do forno), sapassado (sábado passado), videperfum (vidro de perfume), oiprocevê (olha para você ver), tissodaí (tira isso daí), onquié? (onde que é?), pópôpó (pode pôr o pó)’’.
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