Meu filho não é meu filho

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A voz do povo é a voz de Deus? Há controvérsias. As mães não têm dúvida: “Meu filho”, dizem elas, “é meu filho até casar-se. Minha filha é minha filha por toda a vida”. O Talmude põe lenha na certeza: “Quando se casa, o rapaz se divorcia da mãe”. Verdade? Talvez. Mas, como toda unanimidade é burra, há quem tire a alegria das mães de filhas. O escritor libanês Gibran Khalil Gibran põe todas as mamas no mesmo barco:

“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, Porque eles têm os próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois suas almas moram na mansão do amanhã, Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe. Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria: Pois assim como ele ama a flecha que voa, Ama também o arco que permanece estável.”