Lula estava em Genebra. Na cidade suíça, fez o que mais gosta de fazer. Falou. Dois assuntos mereceram especial atenção. Um deles: a eleição iraniana. O presidente ironizou os protestos populares: “São coisa de perdedor”. O outro: a perseguição aos imigrantes. Com a crise, países europeus querem se livrar dos estrangeiros que se mudaram para o Velho Continente. Africanos, asiáticos e latino-americanos mereceram defesa apaixonada do líder brasileiro. Os discursos ensinam lições. A primeira: a regência do verbo protestar. A segunda: as palavras que tratam do ir e vir das pessoas.
Vale por três
A preposição faz a diferença. Protestar contra é opor-se, insurgir-se, demonstrar contrariedade, clamar por justiça: Os iranianos protestam contra a fraude nas eleições. Lula protesta contra a discriminação a imigrantes. A oposição protesta contra o corpo mole na instalação da CPI da Petrobras. O filho protesta contra o rigor do pai.
Protestar por joga em outro time. Significa pedir, requerer: Servidores protestam por mais transparência no Senado. Os iranianos protestam por lisura na contagem dos votos. Devemos protestar por nossos direitos.
Protestar também figura na equipe dos intransitivos. Sem preposição, se presta a puxa-saquismos sem fim. Quer dizer prometer, jurar, afirmar com convicção: O servidor protestou estima e apreço ao chefe. O político protesta fidelidade ao eleitor. Protestar amor eterno é coisa de apaixonados. Os que circulam
As pessoas vão e vêm. Algumas circulam pelo próprio país. São os migrantes. O Brasil está cheinho deles. O gaúcho vai para Rondônia. O pernambucano se muda para São Paulo. O carioca parte para Brasília. São todos migrantes. Há gente que troca de país. Aí recebe dois nomes. Os que saem são emigrantes. Os que chegam, imigrantes. São Paulo tem montões de estrangeiros que escolheram o estado para viver. Árabes, alemães, italianos, russos, franceses, americanos emigraram da terra deles e estão entre nós. Bem-vindos! Estrangeirinhas
Não são só as pessoas que emigram. As palavras também mudam de país. O português recebeu imigrantes pra dar e vender. Carnaval e fiasco vieram da Itália. Algodão, azeite e alface, do árabe. Abajur, garagem e musse, do francês. Show, shopping e gangue, do inglês. Ufa! Por causa das estrangeirinhas a língua nossa de todos os dias é pra lá de rica. O dicionário registra mais que 400 mil vocábulos. Já imaginou? Por isso ele é gordão.