Você leu? Em reunião da coordenação política do governo, Tarso Genro disse “interviu” em determinado assunto. Lula corrigiu prontamente: “Tarso, é interveio”. Diante do semblante intrigado do ministro da Justiça, o presidente completou em tom compreensivo: “Muita gente fala interviu, mas é interveio”.
Viva! Lula estudou. Aprendeu que intervir se conjuga como vir, de quem é filho obediente. O presente é moleza: eu venho (intervenho), ele vem (intervém), nós vimos (intervimos), eles vêm (intervêm).
A única diferença é o acento. Vem termina em em. Mas só tem uma sílaba. Por isso não recebe acento. É o caso de bem, cem, tem. Mas intervém tem mais de uma sílaba. É oxítona (a sílaba tônica é a última). Encaixa-se na regra do também, ninguém, porém, armazém. Calos no pé E o passado? O pretérito perfeito é verdadeira armadilha. Na hora dos discursos, muitos caem como patos. Foi o caso de Tarso Genro. Ele se esqueceu de que intervir pertence à família de vir. Ambos se conjugam do mesmo jeitinho, sem tirar nem pôr: eu vim (intervim), ele veio (interveio), nós viemos (interviemos), eles vieram (intervieram).
O futuro e imperfeito do subjuntivo? Ops! São calos no pé. Formam-se da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo menos o -am final — eles vier(am). Logo: se eu intervier, ele intervier, nós interviermos, eles intervierem; se eu interviesse, ele interviesse, nós interviéssemos, eles interviessem.
Resumo da opereta: o diabo só é feio quando desconhecido.