“Tenho muito prazer em falar consigo”, disse um ministro em entrevista à rádio. O ouvido doeu. Com razão, não?
O pronome consigo sofre de mal pra lá de condenável. Chama-se egoísmo. Ele é exclusivamente reflexivo. Só se usa em relação ao próprio sujeito do verbo: Levou consigo tudo que lhe pertencia. O fotógrafo não levou nada consigo. O desvairado falava consigo mesmo sem ligar para os surpreendidos passantes.
Viu? O ministro se esqueceu da característica do pronome. Na frase, o sujeito é eu. O consigo se refere à repórter. Sem chance. Melhor dar a César o que é de César: Tenho muito prazer em falar com você.