Lé com lé, cré com cré

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No corpo, tudo que existe aos pares tem harmonia. Temos duas orelhas, dois olhos, duas narinas, dois braços e duas pernas. Uma orelha é igual à outra, um olho igual ao outro, uma perna igual à outra. Eles são iguais porque têm funções iguais. A função dos olhos é enxergar; a dos ouvidos, ouvir; a das narinas, cheirar; a das pernas, andar; a dos braços, abraçar.

Na língua, vigora a mesma lei. Os termos e orações com funções iguais devem ter estruturas iguais. É o caso das enumerações. Observe:

1. São funções do Banco Central:

emitir moedasfiscalizar o sistema financeirocontrolar a moeda e o crédito

2. São funções do Banco Central:

 
a. a emissão de moedas
b. a fiscalização do sistema financeiro
c. o controle da moeda e do crédito

Viu? Na enumeração, vale o lé com lé, cré com cré. Em outras palavras: ou todas as enumerações começam com verbo, ou todas começam com nome. Na primeira série, só o verbo tem vez (emitir, fiscalizar, controlar). Na segunda, só o nome (emissão, fiscalização, controle).

Salada de frutas

Veja esta:

São funções do Banco Central: 

emitir moedafiscalização do sistema financeirocontrole da moeda e do crédito

Ops! Misturam-se nomes e verbo (emitir, fiscalização, controle). É o samba do paralelismo doido.

O que ocorre quando embaralhamos estruturas? O mesmo que ocorre com o corpo. Imagine um rosto com um olho grande e outro pequeno. Ou uma pessoa com o braço de um lado e a perna de outro. Ou uma narina na testa e outra no nariz. A harmonia se vai, não?

Na dúvida, pergunte a Deus. Nos dez mandamentos, o Senhor obedeceu à lei do paralelismo: amar a Deus sobre todas as coisas, não tomar seu santo nome em vão, honrar pai e mãe, não matar, não roubar, não desejar a mulher do próximo.

Amém.