Donald Trump prometeu erguer um muro para separar os Estados Unidos do vizinho México. A ideia era tão doida que ninguém a levou a sério? Falso. Muitos a levaram. Anunciada a vitória do republicano, turbas saíram às ruas com cartazes. Dois textos sobressaíram. Um: constrói o muro. O outro: construa o muro.
Ambas as formas recorrem ao imperativo. O mandão pode mandar e desmandar. O mandão, chamado afirmativo, forma-se de dois tempos. A 2ª pessoa (singular e plural) recorre ao presente do indicativo sem o –s final. As demais pessoas pedem ajuda ao presente do subjuntivo — sem tirar nem pôr. Assim:
Presente do indicativo: construo, constróis, constrói, construímos, construís, constroem
Presente do subjuntivo: que eu construa, tu construas, ele construa, nós construamos, vós construais, eles construam
Imperativo afirmativo: constrói (tu), construa (você), construamos (nós), construí (vós), construam (vocês).
O desmandão
O imperativo negativo se forma todinho do presente do subjuntivo. Basta antecedê-lo do advérbio não: não construas (tu), não construa (você), não construamos (nós), não construais (vós), não construam (vocês).
Tem lógica
Reparou? O imperativo não se conjuga na 1ª pessoa do singular (eu). Por quê? Porque ninguém dá ordem a si mesmo. No momento que o faz, torna-se 2ª pessoa. Em bom português: deixa de ser a pessoa que fala e passa a ser a pessoa com quem se fala (tu, você).