Jogo da sedução

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DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@diariosassociados.com.br

Dia dos Namorados? Ops! O jogo da sedução tem novas regras. Pertence ao paleolítico social quem acredita que o homem escolhe e a mulher é escolhida. Pra nova geração, o cenário mudou. Elas descobriram que quem espera nunca alcança. Sem cerimônia, batalham pelo homem que desejam. Valem todos os truques: mandar flores, convidar para um drinque, elogiar a pele, o corte de cabelo, a elegância do andar ou vestir.

Os rapazes aceitam a corte. Colhem os frutos do relaxamento dos códigos morais conquistado pelas mães, geração de mulheres que enfrentou preconceitos, derrubou barreiras, exigiu e conquistou direitos. Devagarinho, elas ocuparam as vagas das universidades, roubaram empregos, assumiram os filhos sozinhas. Pior: puseram em xeque a indiscutível superioridade masculina.

Os homens maduros, que tiveram de ceder privilégios milenares, têm uma certeza: as novidades não são coisas das Betty Friedman da vida. Partiram pra luta. Começaram pela reforma do corpo. “Fora, barriguinha, papada, bolsa nos olhos ou pálpebra caída”, decretaram. Pneus? Nem importados. Careca? Nem pensar. Chegou a vez dos implantes, das plásticas, das academias, patins, cremes antirrugas.

Pra combinar solidez com sensualidade, foram ao psicólogo falar de medos e inseguranças. Dizer que as coisas ficaram difíceis. As delegacias das mulheres e a Lei Maria da Penha deixaram os machos desorientados. Pular o muro? Nem isso. Com o tal assédio sexual, bye, bye, paquera! Bye, consolo fora de casa! Bye, sussurros e toques roubados!

Quem diria que esse subproduto do colonialismo americano teria futuro neste país tropical e machista? É um perigo. No assédio, não há o chamado corpo de delito. É a palavra de um contra a do outro. Doravante, todo o cuidado é pouco. Nada de sutilezas, portas fechadas, falas baixas, olhares maliciosos, promessas veladas. Nem olhar pode.

Ele, macho soft, de última geração, com tecnologia de ponta. Ela, fêmea produzida, corte orientado pelo computador, maquiagem impecável. Um e outro sozinhos da silva. É um pra lá, outro pra cá. Resta um consolo. A informática abriu uma brecha: encontros via internet com imagens holográficas, sons eróticos e sensações cinestésicas — não passíveis de processo criminal.