Recado
“Existem três formas de tempo: o passado, o presente e o reino da fantasia.”
Federico Fellini, cineasta
Interpretar texto é treino
Ops! Interpretação de texto? Concurseiros, vestibulandos e estudantes de todos os níveis tremem diante das três palavras. Imaginam um bicho-de-sete-cabeças. No interior de cada uma residiriam ciladas inimagináveis e incontornáveis. O objetivo dos mestres seria um só — pegar o bobo na casca do ovo. A moçada tem razão? Não.
Professores não são carrascos. São profissionais cuja função é avaliar a habilidade de leitura do examinando. Em bom português: querem descobrir se o candidato entende o que lê. Nada mais. Como exercitar a compreensão de texto? Lendo. A leitura é sempre útil e proveitosa, mas ler com o objetivo de preparar-se para prova requer certo ritual. Com dicionário e lápis à mão, siga estes passos:
1. Faça uma leitura panorâmica do texto – No primeiro contato, capte o assunto. Do que trata o escrito? Das Olimpíadas? Inflação? Condomínios? Orçamento?
2. Explore o vocabulário – Volte ao texto. Desta vez com lápis na mão para sublinhar as palavras de significado desconhecido ou pouco claro. Localize-as no dicionário. Cuidado. Você tem de encontrar o vocábulo mais adequado ao sentido da frase. Analise o enunciado. Depois, procure substituir a palavra assinalada pelos significados que lhe são atribuídos. Escolha o que traduz melhor o recado.
3. Faça a leitura compreensiva – Conhecido o vocabulário, você está apto a captar o plano de desenvolvimento do texto: a forma como o autor organizou as idéias. Elas obedecem a uma hierarquia. Há o general, os coronéis, os majores e os sargentos.
É o general – a idéia principal – que traça a estratégia do texto. Ela se destaca e está presente ao longo da leitura. As idéias secundárias (os coronéis, majores, sargentos, que no texto aparecem como causas, conseqüências, exemplos, comparações) só fazem sustentar o general.
O texto tem introdução, desenvolvimento e conclusão. Em outras palavras: começo, meio e fim. Leia com cuidado a introdução (em geral o primeiro parágrafo) e a conclusão (o último). A introdução apresenta a idéia-general; a conclusão a confirma.
Os outros parágrafos (do desenvolvimento) trazem as idéias secundárias. Cada um só tem uma, em geral expressa na primeira frase. Sublinhe-a. Depois pergunte-se: o que ela tem a ver com a idéia central? É uma causa? Conseqüência? Exemplo? Comparação?
Volte ao texto e releia-o cuidadosamente. Você é capaz, agora, de “conversar” sobre ele: dizer o ponto de vista que autor defende e os argumentos utilizados para convencer o leitor. Pode, também, questionar-se: ele tem razão? Concordo com tudo que ele disse? Por quê? O que eu acho a respeito do assunto?
Exercite um texto por dia. Ler é habilidade, como nadar, esculpir, datilografar ou escrever. Com o treinamento, você lerá melhor e se sentirá mais seguro na hora da prova. Comece já.
Leitor pergunta
À mão? Na mão? Há diferença?
Clóvis Sereno, Uberaba
Há. E como! Veja o exemplo de livro. Ter o livro à mão significa ao alcance da mão. Na estante, por exemplo. Ter o livro na mão quer dizer estar com ele na mão, estar de posse do objeto: “O dinheiro não está na mão, mas à mão”, diz o gerente do banco.
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Ao fazer requerimentos, uma dúvida sempre me assalta. Trata-se da preposição que deve acompanhar os verbos residir e situar. Residente à Avenida Comercial? Na Avenida Comercial? Situado à Rua do Ouvidor? Na Rua do Ouvidor? Ufa! Preciso de ajuda.
Carla Carmin, Rio
A preposição é sempre em, que às vezes vira no, na: residente na Avenida Comercial, residente no Plano Piloto, residente em Niterói, residente em Paris, residente no Brasil.
Situado vai atrás: situado na Avenida Comercial, situado na Avenida Liberdade, situado em Boa Viagem, situado na Rua da Praia.
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É certo dizer “perdi meu óculos”?
Tarsila Benta, Taguatinga
Óculos bate pé e não abre. Sempre, sempre mesmo, se usa no plural: Perdi meus óculos. Comprou os óculos escuros que queria. Gosto dos óculos que ganhei no ano passado.
Você não gosta do plural? Tem direito. E tem saída. Use par de óculos: O turista perdeu, além dos documentos, um par de óculos de grau.