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DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@@dabr.com.br
A divulgação de vídeos da Operação Caixa de Pandora choca por muitas razões. Uma delas: a ingenuidade dos beneficiados. As pessoas nem desconfiam de que, pra elas também, a privacidade chegou ao fim. Os instrumentos eletrônicos são cada vez menores e mais indiscretos. Viraram espiões. As câmeras filmam. As escutas revelam. Os pardais entregam. Ao menor descuido, caímos na rede da PF ou na boca do povo.
Exemplos? Não falemos de episódios vira-latas. Os ronivons santiagos, os magris dos 30 dinheiros e os maurícios marinhos dos R$ 3 mil ficam pra lá. Gente com pedrigree é o que interessa. Ninguém menos que FHC teve conversas gravadas. Três bate-papos saíram do gabinete presidencial, ganharam o mundo e levantaram suspeita de tráfico de influência no 4º andar do Palácio do Planalto. E a sacola de reais dos aloprados? Nem os operários de Deus escaparam. O bispo Macedo aparece em fita contando dólares. De quebra, explica aos pastores como chegar ao bolso dos fiéis. “Ou dá ou baixa”, ensina.
A indiscrição não se restringe às fronteiras tupiniquins. Vai além. Bate a portas menos escancaradas e mais nobres. Atingiu o zíper de Bill Clinton e a cama de François Mitterrand. Até o gosto exótico da realeza veio a público. “Queria ser seu tampão”, confidenciou o príncipe Charles à então namorada. Virou garoto propaganda da Tampax. Ninguém escapa. Nada escapa. Nem os bancos de dados do Pentágono estão a salvo.
Em suma: vai longe o tempo em que segredo era de quatro paredes. As paredes se transformaram em divisórias — indiscretas e vulneráveis. Os espiões eletrônicos estão por toda parte. E daí? O jeito é prevenir. Regra número um: não falar nem escrever nada que não possa ser divulgado. Regra número dois: não fazer nada impróprio à divulgação pública. Na hora do cochilo, vale lembrar velhos conselhos da vovó. Uma: em boca fechada não entra mosca. Outro: macaco velho não mete a mão em cumbuca.