Ignorância e preconceito

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DAD SQUARISI // dadsquarisi.df@@dabr.com.br

Deu nos jornais. Circulou na internet. Mereceu comentários de incrédulos a raivosos. A razão: paquistanesa cristã de 11 anos teria queimado páginas do Corão. Apesar de analfabeta e portadora de síndrome de Down, foi acusada de blasfêmia. Corre o risco de ser condenada à morte.

Não faltaram ataques aos muçulmanos. Eles seriam fanáticos e terroristas. Veio à tona o 11 de Setembro, a explosão de aviões, o ataque a embaixadas, sequestros e mortes. Em suma: a islamofobia mostrou a garra. Trata-se do ódio aos seguidores do Islã, tendência crescente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos.

As razões são várias. A mais importante: o desconhecimento. O Ocidente sabe pouco da cultura islâmica. Confunde islamismo com a corrente fundamentalista que recorre ao terrorismo como arma política. Nada mais equivocado. O fundamentalismo é braço armado de parcela de muçulmanos. Da mesma forma que o IRA é do catolicismo. Uns e outros não representam o pensamento da maioria.

Vale o lembrete. A palavra islã vem do árabe. Significa submissão. Muçulmano, do árabe muslim, quer dizer quem se submete — só a Deus. O islamismo é a última das três religiões monoteístas. Veio depois do judaísmo e do cristianismo. Fundou-o o profeta Maomé (570-632), escolhido por Deus para receber a mensagem do Senhor.

O Corão, a Bíblia do islamismo, transmite as palavras do Todo-Poderoso. Seus ensinamentos, segundo os seguidores, são infalíveis. Os princípios centrais são, por um lado, a onipotência de Deus; por outro, a necessidade de bondade, generosidade e justiça nas relações entre as pessoas.

Cinco pilares compõem o credo. O 1º: dizer, pelo menos uma vez ao dia, “há só um Deus e Maomé é o seu profeta”. O 2º: orar cinco vezes ao dia voltado para Meca e participar do culto das sextas-feiras. O 3º: dar esmola aos pobres e necessitados. O 4º: jejuar durante o Ramadã. O último: peregrinar a Meca uma vez na vida.

Quem visita cidades muçulmanas surpreende-se com a segurança e a ausência de mendigos. É que o cidadão se submete à lei divina: faz ao próximo o mesmo que aos pais, aos filhos, aos netos. Sem discriminação.