Hillary, Amorim ciladas

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Hillary Clinton andou por aqui. Visitou Brasília e São Paulo. Na capital da República, conversou com Lula e Celso Amorim. Sorridente, deu recados. Um deles: o Irã está enganando o Brasil. Quer construir a bomba atômica, mas finge que só quer a tecnologia para fins pacíficos. O outro: os caças americanos são melhores que os franceses e suecos. Devem merecer a preferência verde-amarela.

Presidente, ministros, embaixadores & 180 milhões de brasileiros ouviram a envolvente secretária de Estado americana. Cada um representou o papel pra lá de bem. Ela sugeriu aos brasileiros que não pensassem com a própria cabeça. Eles fingiam acreditar. No fundo se divertiam. Riam para o umbigo. O ministro das Relações Exteriores falou em nome de todos: “Eu não creio que os Estados Unidos pense…” Ops! Olha a cilada!

Cadê o plural? Nome próprio escrito no plural tem manhas. Com ele, o artigo canta de galo. Se estiver no plural, o verbo vai atrás. Se no singular, idem. Assim: Os Estados Unidos sabem o que quer o Irã. Os Andes estão sujeitos a terremotos frequentes. Os Alpes ficam na Europa. O Palmeiras é o time dos italianos paulistas. O Democratas perdeu o único governador da legenda.

Há outro jogador no time dos nomes próprios plurais. Trata-se do sem-artigo. Como ele fica? No singular. Eis a prova: Minas Gerais é a terra de políticos que fizeram escola.  

A moçada afra

Em São Paulo, Hillary conversou com a moçada da Faculdade Zumbi dos Palmares. A maior parte dos alunos é negra. Muitos querem se classificar de afrodescendentes. Inspiram-se nos americanos. Os filhos de Tio Sam não gostam do termo negro. Preferem recorrer ao afro. Nós os imitamos. Vale, por isso, ficar atento ao dissílabo. Ele muda de classe como a comissão de frente da Tijuca muda de roupa.

Ora é substantivo. Aí, flexiona-se como os irmãozinhos dele (o afro, os afros, a afra, as afras). Ora, adjetivo (cultura afra, culturas afras, cabelo afro, cabelos afros). O arteiro pode, também, ser prefixo. No caso, pede hífen quando indica nacionalidade. No mais, dispensa o tracinho: afro-brasileiro, afro-inglês, afro-cubano, afro-japonês, afrodescendente.  

Tanto faz

Os estudantes queriam notícias do andamento da política de cotas nos States. Cotas ou quotas? As duas grafias figuram no dicionário. Com elas, não há erro. É acertar. Ou acertar.