Dizem que Deus está com mania de grandeza. Ele, verde-amarelo da gema, cochilou. Não deu outra. O Brasil levou sete da Alemanha. O Senhor ficou triste. Chorou. Com ele, 210 milhões de adultos e crianças. O papai do céu, ao ver os rios de lágrimas que cobriram a alegre Pindorama, reagiu. Mandou a desolação bater asas e voar. E foi além. Decidiu promover uma festa em casa. Os convidados teriam de ter ótimo papo e histórias sem fim pra contar.
Quem? O primeiro a entrar sem pedir licença foi o baiano João Ubaldo Ribeiro. Sorriso franco, andar gingado, fala mansa, lá foi ele. Seguiu-o Rubem Alves. Estava feliz. Não precisava mais olhar pra cima pra ver o dono da casa. Criador e criatura olharam-se nos olhos. Por fim, chegou Ariano Suassuna. Vestido de branco, com mil casos pra contar, o paraibano não perdeu tempo. Começou a aula espetáculo.
E nós?
Humanos, somos egoístas. Lamentamos a perda. Mas, logo, logo, caímos na real. O trio joga no time dos imortais. O corpo se vai, mas a obra fica. Para ressuscitá-los, basta abrir um livro e ouvir as histórias que contam. São tantas que levantam uma dúvida. Repórteres falam em dar o “último adeus” ao artista que se foi. A questão: último adeus é pleonasmo?
Não. Ao longo da vida, damos adeus quando uma pessoa parte. Mas ela volta e enseja outros adeuses. No caso da ida definitiva, o último adeus pede passagem.