Folias, máscaras e dúvidas

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Adeus, carnaval! Adeus, sensação de pode-tudo! A fantasia foi pro baú; a máscara pro lixo; a folga, pro passado. O dever chama. Escola e trabalho esperam a volta da moçada com força total. Não foi diferente no escritório do Barreto. Em plena quarta-feira de cinzas, pintou uma dúvida na chegada. O chefe ensaiou esta frase: “Folia é …” Ops! Bom ou boa pra alma? Advogados, assessores e secretárias tentaram ajudá-lo. Uns apostaram no bom. Outros, no boa. E daí?

Folia é bom pra alma.

Folia funciona como sujeito da oração. É substantivo feminino. Mas o predicativo (bom) não concorda com ele. Está no masculino. Por quê? Porque nem todos são iguais perante a lei e a língua. Alguns são mais iguais. Ou diferentes. É o caso da duplinha é bom.

Ela goza de privilégios. Quando o sujeito é genérico, apresentado sem artigo ou pronome, fica neutro. Não obriga o adjetivo a concordar com ele. Sabe por quê? No fundo, há um verbinho escondido: (Entrar na) folia é bom.

Quer mais exemplos? Ei-los: Banana é bom pra saúde. (Comer) banana é bom para a saúde. Gelatina é bom para os músculos. (Comer) gelatina é bom para os músculos. Leitura é bom para melhorar a redação. (Exercitar a) leitura é bom para melhorar a redação. Natação é bom para manter a forma. (Praticar) natação é bom pra manter a forma.   Alto lá, gente

O privilégio tem limite. Quem o impõe é o pronome ou o artigo. Se o sujeito estiver acompanhado de um deles, cessa tudo o que a musa antiga canta. O predicativo põe o rabinho entre as pernas e concorda com o sujeito: A folia é boa pra a alma. Aquela banana é boa para a saúde. Qualquer gelatina é boa para os músculos. A leitura de bons textos é boa para melhorar a redação. A natação é boa para manter a forma.