Família oculta

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Um verbo frequentou os jornais da semana. Trata-se de reaver. Ele ocupou as manchetes por causa de decisão do STF. Os maiorais da Justiça suspenderam o andamento de processos de cassação que queimaram etapas. Quem começou pelo Tribunal Superior Eleitoral, precisa recomeçar. O ponto de partida terá de ser o Tribunal Regional Eleitoral.

Ops! Governadores cassados se assanharam. Jackson Lago, do Maranhão, Cássio Cunha Lima, da Paraíba, e Marcelo Miranda, de Tocantins, querem o mandato de volta. Conjugam, por isso, o verbo reaver. À primeira vista, o danadinho tem pinta de derivado de ver. Mas é só à primeira vista. Os dois nunca se viram nem de longe.

Filho de peixe

Reaver é filhote de haver. Significa haver de novo, recobrar, recuperar: A casa de Gilberto foi assaltada. Os ladrões levaram joias e dinheiro. A polícia os prendeu. Mas não conseguiu reaver os bens.

O verbo, de origem tão nobre, padece de grave enfermidade. É preguiçoso pra chuchu. Não se conjuga em todos os tempos e modos. Só dá as caras nas formas em que aparece o v de haver. No presente do indicativo, por exemplo, apenas o nós e o vós têm vez: reavemos, reaveis.

O indolente não tem presente do subjuntivo. Mas exibe todas as formas do passado e futuro: reouve, reouvemos, reouveram; reavia, reavias, reavíamos; reaverei, reaverás; reaveria, reaveriam; reouver, reouveres, reouvermos; reouvesse, reouvéssemos. E por aí vai.

Xô, tentação

Reavê, reaviu, reaveja não existem (seriam derivados de ver). Nem fazem falta. Recuperar ou recobrar estão aí pra quebrar o galho. Lembre-se: o inferno está pululando de insubstituíveis.